Justiça Bloqueia Telegram No Brasil Por Não Entregar Dados Sobre Grupos Extremistas

Brasil

As pessoas que tentaram entrar no aplicativo de mensagens instantâneas Telegram hoje se depararam com um “carregamento infinito”. O app teve a interrupção do serviço anunciada nesta quarta (26) por ordem da Justiça Federal do Espírito Santo. A decisão foi emitida pelo órgão a pedido da Polícia Federal, após o mensageiro não entregar à PF todos os dados solicitados para uma investigação sobre grupos neonazistas no app.

De acordo com o documento oficial da PF, esses grupos estariam realizando “possível corrupção” de menores de idade, induzindo-os a compartilhar e praticar atos antissemitas e racistas. Além disso, também estariam incentivando que jovens realizassem ações terroristas, como os atentados que aconteceram em diversas escolas do Brasil neste ano.

No dia 20 de abril, quinta-feira, o aplicativo tinha entregado apenas parte do material solicitado. No dia 25 foi concedido ao aplicativo o prazo de 24 horas para entregar os dados, mas novamente o Telegram não acatou à ordem judicial. Segundo a PF, as informações solicitadas seriam importantes para o desdobramento das investigações.

A PF, no entanto, não foi o único órgão que se manifestou pela suspensão do aplicativo no Brasil. Na última quinta-feira (20), o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou a abertura de um processo administrativo contra o Telegram, após o app não especificar quais medidas seriam adotadas para combater o avanço de grupos extremistas no mensageiro.

Com a ordem publicada, além de ser suspenso, o Telegram também deverá pagar multa de R$ 1 milhão por dia enquanto mantiver a recusa à entrega dos documentos.

O próximo passo, de acordo com o que foi divulgado até o momento, será notificar as operadoras de telefonia móvel Vivo, Claro, Tim e Oi para suspenderem o acesso ao aplicativo. O Google e a Apple, responsáveis pelas lojas App Store (iPhone) e Play Store (Android), também serão notificados para tirar o Telegram do ar. Assim, a expectativa é de que não seja possível acessar o mensageiro já a partir de hoje – isto é, caso não haja colaboração do app com os órgãos federais.

A posição do Telegram

Pavel Durov, um dos fundadores do Telegram, se manifestou em seu canal oficial no aplicativo na tarde desta quinta-feira (27). De acordo com ele, o tribunal do Espírito Santo teria solicitado “dados que são tecnologicamente impossíveis de obter”. Ainda, Durov explicou que o aplicativo recorreu da decisão e que, por ora, aguarda retorno do órgão federal.

Pavel Durov abriu o pronunciamento afirmando que o Telegram tem a missão de preservar a liberdade de expressão, e que se forem pedidos dados tecnologicamente difíceis de conseguir, deixar o mercado é uma possibilidade.

“A missão do Telegram é preservar a privacidade e a liberdade de expressão em todo o mundo. Nos casos em que as leis locais vão contra essa missão ou impõem requisitos tecnologicamente inviáveis, às vezes temos que deixar esses mercados”, disse Durov.

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